quarta-feira, 11 de julho de 2012

CRÔNICAS FACEBOOKIANAS – ACEITAÇÃO – por Roberto Pompeo – 11/07/2012



Tenho, há alguns dias, recitado todas as manhãs um pedido, quase uma oração "que hoje eu tenha aquilo que merecer".


A bem da verdade, esta é uma lei universal e irrevogável da natureza e da vida: sempre recebemos aquilo que merecemos, querendo ou não!
Portanto, a frase, mais do que de desejo ou pedido, retrata a humilde condição de aceitação. Não aquela aceitação passiva e cômoda que serve de pretexto à inércia, à futilidade, à omissão. Não aquela aceitação cúmplice, de quem assiste ao erro, ao torto, ao crime, à corrupção, e simplesmente abaixa a cabeça e silencia. Não aquela aceitação fatídica, que assume estar tudo escrito de forma imutável nas páginas do destino. Não essa aceitação!
Mas sim aquela aceitação singela de quem reconhece haver algo mais. Aquela aceitação que surge quando, depois de todos os esforços humanamente possíveis, depois de haver realizado diligentemente todos os mais árduos trabalhos, superado as mais difíceis provas, depois de haver bradado aos ventos e de peito aberto esmurrado em vão a tempestade, depois de haver travado batalhas contra os elementos e afrontado a Deus. Aquela aceitação de quem, nesse momento extremo, cai sobre os joelhos e se dobra ante sua condição humana. A aceitação de quem reconhece o superior e a ele se une, para agora lutar a favor da vida e não contra ela... Para ser, não mais o guerreiro fatigado que já não distingue, no campo de batalha, as cores da sua bandeira, que já não reconhece seus companheiros, que apenas luta, contra tudo e contra todos sem nem sequer saber por quê. E se torna um amante da vida, de natureza fluida e alma leve, que passa pela vida como a vida passa por ele, deixando atrás de si apenas um flébil aroma que mal indica que ele um dia viveu, mas que sutil e anonimamente vai inspirar muitas pessoas a simplesmente serem melhores!




Meus amigos, a aceitação é libertadora, abre os caminhos, deixando nos seus bordos os pesos que insistimos em carregar, deixando para trás as mágoas e arrependimentos, permitindo reconhecer os erros do passado sem apego, de modo a poder caminhar adiante, rumo ao horizonte, ao Sol poente e para além dele, em direção às estrelas e ao Universo profundo.