terça-feira, 2 de abril de 2013

CRÔNICAS FACEBOOKIANAS - VERDADES E MENTIRAS – por Roberto Pompeo – 02/04/2013


Ontem, primeiro de abril, foi o dia da mentira, data popularmente consagrada como tal, dando até a impressão que em outros dias somente a verdade prevalece. Hoje, lendo alguns noticiários virtuais, percebi que há um assunto recorrente, que é o crescimento assombroso de certas religiões que se autointitulam detentoras da “Verdade”, sim aquela verdade com “V” maiúsculo, a verdade absoluta – como se pudesse haver verdade relativa.




Penso, na minha humilde lógica de primário, que certos conceitos relutam em aceitar relativizações, às quais o ser humano é tão afeito nos seus propósitos de autoengano ou de engano dos demais. Desde criança eu sempre soube que uma verdade relativa é uma mentira. O mesmo se passa com outros valores, como a liberdade. Liberdade relativa é uma não-liberdade. Mas, como o sentimento de liberdade é uma necessidade quase atávica do ser humano, relativizamos o conceito para nos sentir livres. A liberdade plena, em termos físicos, concretos, é utópica. É necessário transcender a matéria para experimentá-la.

Bem, eu acredito que existe uma Verdade absoluta. O Universo é por ela regido. Acredito também que não estamos nem perto de entender ou sequer de vislumbrar essa Verdade. Sei, entretanto, que Ela permanecerá inalterada independentemente do credo ou não-credo que professemos.
Criar arremedos de verdade, que não passam de mentiras, e em nome dessa bandeira, assumir posturas moral ou fisicamente agressivas contra quem não as aceita é uma afronta à parca e relativa liberdade que possuímos, talvez a única, a liberdade mental, que envolve crenças, convicções, sentimentos, enfim preferências de todas as ordens.
Qualquer tentativa de tolher isso deve ser combatida frontalmente.






Qualquer religião que pregue a intolerância é fundamentalista. O fundamentalismo religioso é a antítese da religião pura, do re-ligare, a união do ser humano ao divino (para quem crê nisso). Se a ordem do Universo é obra de um deus ou de vários ou do acaso, isso não importa, um dia saberemos, talvez, mas se em nossa vida terrena não tivermos liberdade de pensamento e de expressão desse pensamento, então não teremos nada! Estaremos reduzidos a animais que vagam entre seus ciclos de vida e morte sem nada construir, sem nada deixar. Sem pátria, nem herança.

Todos devem ser livres para seguir suas crenças, mas nunca para impô-las a outros. O debate sobre quem está com a razão é, a meu ver, inóquo. Não importa o fim, importa o meio. Não importa o destino, importa como caminhamos.
Mas, acima de tudo, seja qual for a nossa jornada, há um valor que não pode ser esquecido: o respeito pela jornada dos outros, o respeito pela liberdade e pela tolerância!