Ontem, primeiro de abril, foi o
dia da mentira, data popularmente consagrada como tal, dando até a impressão
que em outros dias somente a verdade prevalece. Hoje, lendo alguns noticiários
virtuais, percebi que há um assunto recorrente, que é o crescimento assombroso
de certas religiões que se autointitulam detentoras da “Verdade”, sim aquela
verdade com “V” maiúsculo, a verdade absoluta – como se pudesse haver verdade
relativa.
Penso, na minha humilde lógica de
primário, que certos conceitos relutam em aceitar relativizações, às quais o
ser humano é tão afeito nos seus propósitos de autoengano ou de engano dos
demais. Desde criança eu sempre soube que uma verdade relativa é uma mentira. O
mesmo se passa com outros valores, como a liberdade. Liberdade relativa é uma
não-liberdade. Mas, como o sentimento de liberdade é uma necessidade quase
atávica do ser humano, relativizamos o conceito para nos sentir livres. A
liberdade plena, em termos físicos, concretos, é utópica. É necessário
transcender a matéria para experimentá-la.
Bem, eu acredito que existe uma
Verdade absoluta. O Universo é por ela regido. Acredito também que não estamos
nem perto de entender ou sequer de vislumbrar essa Verdade. Sei, entretanto,
que Ela permanecerá inalterada independentemente do credo ou não-credo que
professemos.
Criar arremedos de verdade, que
não passam de mentiras, e em nome dessa bandeira, assumir posturas moral ou
fisicamente agressivas contra quem não as aceita é uma afronta à parca e
relativa liberdade que possuímos, talvez a única, a liberdade mental, que
envolve crenças, convicções, sentimentos, enfim preferências de todas as ordens.
Qualquer tentativa de tolher isso
deve ser combatida frontalmente.
Qualquer religião que pregue a intolerância
é fundamentalista. O fundamentalismo religioso é a antítese da religião pura, do
re-ligare, a união do ser humano ao divino (para quem crê nisso). Se a ordem do
Universo é obra de um deus ou de vários ou do acaso, isso não importa, um dia
saberemos, talvez, mas se em nossa vida terrena não tivermos liberdade de
pensamento e de expressão desse pensamento, então não teremos nada! Estaremos
reduzidos a animais que vagam entre seus ciclos de vida e morte sem nada
construir, sem nada deixar. Sem pátria, nem herança.
Todos devem ser livres para
seguir suas crenças, mas nunca para impô-las a outros. O debate sobre quem está
com a razão é, a meu ver, inóquo. Não importa o fim, importa o meio. Não
importa o destino, importa como caminhamos.
Mas, acima de tudo, seja qual for a nossa jornada, há um valor que não pode ser esquecido: o respeito pela jornada dos outros, o respeito pela liberdade e pela tolerância!
Mas, acima de tudo, seja qual for a nossa jornada, há um valor que não pode ser esquecido: o respeito pela jornada dos outros, o respeito pela liberdade e pela tolerância!